sexta-feira

uma grande idéia para Antonina

O turismo de observação de aves
- 10/4/2009
(Fotos: Nivaldo Simões)

O turismo de observação de aves, uma atividade classificada como ecoturística, encontra-se em franca expansão em todo o mundo, sendo bastante difundida no exterior, mas ainda é incipiente em nosso país. Mesmo assim, a atividade vem galgando degraus no Brasil, com Pantanal e a Amazônia atraindo, anualmente, milhares de bird watchers, cuja permanência média vai de quatro dias a uma semana.

Se para a prática do birding o maior atrativo do Pantanal da Amazônia é a quantidade de pássaros, o diferencial da Mata Atlântica encontra-se na riqueza da biodiversidade. Dentro desse contexto, o Litoral Norte possui enorme potencial para desenvolver birding, com a vantagem de nossa região estar situada no centro do maior eixo econômico da América Latina, formado pelos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, onde é possível chegar e se deslocar com extrema com facilidade, ao contrário do que acontece quando o destino é o Pantanal e a Hiléia Amazônica.

Por ser uma atividade sustentável – ou seja, gera renda sem provocar qualquer impacto ambiental –, com a possibilidade de promover a inclusão social, divulgar e fiscalizar nossas riquezas naturais, o birding é, eminentemente, uma atividade conservacionista, e, por isso mesmo, a prática é permitida no interior das unidades de conservação que, no Litoral Norte, cobrem cerca de 80% do território.

Por todas essas vantajosas características o birding deveria ser incentivada pelas secretarias do Meio Ambiente e do Turismo de nossas cidades e do Estado de São Paulo.

O incentivo ao turismo de observação de aves pode ser viabilizado através, principalmente, do levantamento das espécies locais; da colocação de sinalização visual indicando quais espécies o visitante encontrará com mais facilidade; da confecção de material audiovisual com filmes, fotos e gravações das vocalizações da avifauna; da montagem de torres de observação em pontos estratégicos; da aquisição de binóculos para serem emprestados aos visitantes; do plantio de frutíferas nativas que atraiam as aves; e do treinamento de funcionários e moradores do entorno das unidades de conservação para servirem de monitores dos observadores de aves.

O treinamento para a formação de monitores especializados envolve o conhecimento dos nomes científico, popular e em inglês, conhecimento do canto, da forma e do comportamento para a identificação da espécie. A vivência de campo é imprescindível para o bom exercício da atividade de guia.

Apesar de o Litoral Norte estar localizado no estado mais rico da União, as unidades de conservação aqui existentes desde meados da década de 1970 – há mais de três décadas, portanto – sequer possuem os inventários da fauna por elas abrigadas! Fauna que, voltamos a frisar, encontra-se seriamente ameaçada pela caça e pelo tráfego de animais, tendo em vista a quase que completa falta de fiscalização.

Todos os pontos acima sugeridos poderão ser alcançados desde que haja vontade política, através de parcerias e convênios com a iniciativa privada e órgãos de pesquisa e ensino do próprio Estado, tais como Instituto Butantan, Fundação Parque Zoológico de São Paulo, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), USP, Unicamp.

Dentro da Fundação Florestal, órgão da secretaria estadual do Meio Ambiente responsável pela administração dos parques estaduais de nossa região, existe a vontade política de viabilizar o birding no Litoral Norte. Resta às secretarias municipais do Meio Ambiente e do Turismo da região, a exemplo do que já está sendo feito há anos em Ubatuba, também encamparem a proposta, não apenas de forma individual, mas também regionalmente.


Na foto do alto da página, o beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). Abaixo, à esquerda, o tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) macho adulto, e, à direita, o tiê-preto (Tachyphonus coronatus), com sua plumagem juvenil (Fotos: Nivaldo Simões)

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Fonte: Jornal Canal Aberto